O cenário político internacional ganhou novos contornos nesta segunda-feira (07/7) após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicar uma mensagem em defesa de Jair Bolsonaro e criticar os processos judiciais enfrentados pelo ex-mandatário brasileiro. A manifestação provocou forte repercussão no Brasil e motivou resposta firme do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em postagem na rede social Truth Social, Trump classificou os processos contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas”, comparando-os com as ações judiciais que ele próprio enfrenta nos Estados Unidos. “Estarei assistindo à caça às bruxas de Jair Bolsonaro, de sua família e de milhares de seus apoiadores, muito de perto”, escreveu o republicano. “Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”, completou Trump.
A declaração repercutiu de forma imediata no núcleo bolsonarista. Jair Bolsonaro afirmou ter recebido com “alegria” o apoio de Trump e reforçou sua narrativa de perseguição. “Trump é um grande chefe de Estado. Este processo que respondo é uma aberração jurídica, clara perseguição política já percebida por todos de bom senso”, afirmou o ex-presidente brasileiro.
Lula responde: “Ninguém está acima da lei”
O presidente Lula reagiu à declaração, ele defendeu a soberania brasileira e a independência das instituições. “Tenho coisa mais importante para comentar do que isso. Esse país tem lei, tem regra e tem um dono, chamado povo brasileiro. Portanto, dê palpite na sua vida, e não na nossa”, diz Lula, sobre Trump ter saído em defesa de Jair Bolsonaro.
A fala foi interpretada como um recado claro ao presidente norte-americano e sua tentativa de intervir, ainda que simbolicamente, em um assunto interno do Brasil.
A manifestação de Trump reabre o debate sobre os limites da solidariedade ideológica entre líderes de direita e o risco de interferência indevida em assuntos domésticos. Especialistas em relações internacionais alertam que o gesto do presidente americano pode ter efeitos simbólicos relevantes e até desestabilizadores, ao reforçar narrativas de vitimização e deslegitimação do sistema judiciário brasileiro.
O episódio ocorre num momento crítico para Bolsonaro, que enfrenta múltiplas investigações no país — incluindo apurações sobre uma tentativa de golpe de Estado, uso indevido da máquina pública e ataques às instituições democráticas.
O apoio mútuo entre Trump e Bolsonaro, que marcou fortemente seus mandatos com um discurso ultraconservador e de oposição às instituições tradicionais, agora se estende também à esfera jurídica. Ambos se dizem vítimas de perseguições políticas e alegam que os processos que enfrentam são parte de um plano orquestrado por seus opositores.
Para analistas, a tentativa de Trump de reforçar a imagem de Bolsonaro como perseguido político pode fortalecer a base ideológica do ex-presidente brasileiro, mas também acirra os ânimos institucionais e compromete a imagem de respeito à soberania entre nações democráticas.
