Foto: Alesp / Divulgação
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira (16/7) que vai oficiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), após o advogado Jeffrey Chiquini, defensor do ex-assessor Filipe Martins, ter insinuado uma suposta participação do governador em uma reunião no Palácio da Alvorada, em 2022, que teria discutido ações para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante audiência na segunda-feira (14/7), Chiquini apresentou uma planilha de acessos ao Palácio da Alvorada, questionando o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, delator nos inquéritos sobre a tentativa de golpe, sobre a presença de Tarcísio no mesmo horário de Filipe Martins.
“O governador Tarcísio foi lá conversar sobre minuta de golpe também?”, perguntou o advogado. A fala gerou reação imediata de Moraes, que alertou que o governador não é investigado no processo e que, caso o advogado tivesse informações concretas, deveria encaminhá-las à Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Não estou insinuando nada, não ponha palavras na minha boca”, rebateu Chiquini, afirmando que apenas fazia questionamentos com base na lista de entradas.
O tema voltou à tona na audiência desta quarta-feira (16), durante o depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, conhecido como G. Dias.
Ao ser interrompido ao fazer perguntas sobre a atuação do GSI no dia 8 de janeiro, Chiquini insistiu, e Moraes voltou a intervir, afirmando que as perguntas já haviam sido respondidas.
“Doutor, já respondeu, doutor”, disse o ministro, classificando os envolvidos no ataque às sedes dos Três Poderes como “golpistas, inclusive já condenados”, e não meramente “vândalos”.
Em outro momento de tensão, o advogado provocou ao questionar se as imagens do 8 de janeiro citadas por Moraes eram as “que desapareceram ou aquelas disponíveis de forma seletiva?”. O ministro retrucou: “O senhor desapareceu com imagens, doutor?”. O advogado respondeu: “Eu não sou autoridade pública”.
Diante da persistência das acusações indiretas, Moraes declarou que oficiaria o governador Tarcísio de Freitas a respeito da menção feita por Chiquini. “O senhor quer que eu informe a mais alguma autoridade sobre suas acusações?”, ironizou. O microfone do advogado foi desligado após o prolongamento da discussão.
Após a audiência, Jeffrey Chiquini gravou um vídeo divulgado nas redes sociais, no qual informa que vai notificar a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) sobre o ocorrido, criticando a condução da audiência e o que classificou como cerceamento de defesa.