Nesta terça-feira (16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma declaração infeliz que gerou indignação entre defensores dos direitos das mulheres e críticos do governo. Em um evento com empresários do setor alimentício no Palácio do Planalto, Lula, ao criticar a violência doméstica, afirmou: “Se o cara for corintiano, tudo bem”. A fala, que pareceu minimizar a gravidade da violência contra mulheres, foi recebida com perplexidade e preocupação.
Lula, conhecido torcedor do Corinthians, comentava um estudo que mostra o aumento da violência contra mulheres após jogos de futebol. Em tom de brincadeira, ele disse: “Hoje eu fiquei sabendo uma notícia triste. Tem pesquisa, Haddad, que mostra que depois de um jogo de futebol aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corintiano, tudo bem, como eu. Mas eu não fico nervoso quando perde, eu lamento profundamente”.
A reação foi imediata. Grupos de defesa dos direitos das mulheres e opositores do governo criticaram duramente a fala do presidente, acusando-o de insensibilidade e irresponsabilidade. A violência contra mulheres é uma questão séria e persistente no Brasil, e declarações que parecem minimizar ou fazer piada sobre o assunto são vistas como um desserviço à luta contra esse tipo de crime.
Em resposta à controvérsia, o Palácio do Planalto emitiu uma nota na quarta-feira (17) afirmando que “em nenhum momento o presidente Lula endossa ou endossou” a violência contra as mulheres. A nota reforça que “o respeito às mulheres é valor inegociável em todas as esferas do Governo Federal” e destaca as ações do governo para ampliar a proteção e oportunidades para as mulheres.
Apesar disso, a declaração infeliz de Lula é apenas a mais recente de uma série de gafes que têm preocupado aliados e provocado críticas de opositores. A falta de cuidado nas palavras do presidente pode minar a confiança de quem espera um posicionamento firme e consistente contra a violência de gênero.
Além disso, o episódio destaca uma contradição preocupante: enquanto o governo afirma priorizar a luta contra a violência doméstica, o próprio presidente parece não tratar o assunto com a seriedade que ele merece. Lula, em outras ocasiões, condenou a violência contra mulheres e sancionou leis importantes para protegê-las, mas falas como essa arriscam comprometer esses avanços.
O silêncio do presidente e de seus aliados diante de acusações de violência contra mulheres envolvendo membros da própria família também levanta questões sobre a real prioridade do governo nessa área. Para muitos, é fundamental que o governo federal adote uma postura inequívoca e consistente na defesa dos direitos das mulheres, sem espaço para declarações que possam ser interpretadas como complacentes com a violência.