Cinco ex-assessores do vereador João Bettega (União Brasil) protocolaram uma denúncia na Câmara Municipal de Curitiba que poderá levar à abertura de um processo por quebra de decoro parlamentar. A representação será analisada inicialmente pela Mesa Diretora da Câmara, que tem até cinco dias úteis para emitir um parecer sobre a admissibilidade da denúncia. Se aceita, o caso será encaminhado à Corregedoria do Legislativo municipal.
O documento apresentado cita uma suposta omissão do vereador quanto à nomeação de José Luiz Velloso, ex-secretário municipal de Turismo, condenado por improbidade administrativa com trânsito em julgado. Segundo a denúncia, Bettega teria optado por manter a informação em sigilo, esperando um “momento politicamente conveniente” para utilizá-la, conforme transcrição de áudio incluída na representação.
A acusação é considerada grave pelos ex-servidores, pois aponta que o vereador teria negligenciado sua responsabilidade de informar a Câmara, o Ministério Público e o Executivo municipal sobre o caso. O prefeito Eduardo Pimentel, ao tomar conhecimento da situação, exonerou imediatamente Velloso da Secretaria de Turismo.
A denúncia é baseada no Código de Ética e Decoro Parlamentar, que prevê punições para condutas incompatíveis com a função pública. As sanções possíveis vão desde censura até a cassação do mandato, passando por suspensão de prerrogativas e do próprio mandato. O relatório da Corregedoria, caso seja aberto processo, será votado pelos demais vereadores em plenário.
A crise se insere em um contexto de ruptura entre Bettega e o Movimento Brasil Livre (MBL), grupo político que apoiou sua eleição. Os ex-assessores integram o movimento, e o episódio marca um distanciamento político que vem se intensificando desde o início do mandato.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (12), o vereador rebateu as acusações. Disse estar sendo vítima de perseguição política após divergências com o MBL. “Tenho minha consciência limpa. Nunca cometi ato ilícito e estou tranquilo quanto à investigação. Não tenho problema em denunciar vagabundo, mas não confiei na minha equipe para dar andamento ao caso”, afirmou.
Bettega também alegou que foi alvo de ameaças e tentativas de controle de seu gabinete pelo grupo do qual se afastou. Afirmou ainda que mantém presença constante nas sessões e que seu mandato é produtivo: “Protocolamos mais de 20 projetos de lei e mais de 400 requerimentos”, declarou.
A Câmara Municipal segue os trâmites regimentais previstos para este tipo de procedimento. A Prefeitura de Curitiba acompanha com atenção os desdobramentos do caso, sempre com base no respeito às instituições e à legalidade.