Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), fez nesta quarta-feira (20) a entrega de um pedido ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para o arquivamento do Projeto de Lei nº 2.858/2023. O PL propõe anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos que culminaram em ataques às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.
Em sua manifestação, Gleisi Hoffmann enfatizou que manter a tramitação do projeto seria “um desrespeito à democracia” e destacou a gravidade dos eventos recentes relacionados ao episódio. “Não podemos permitir que a impunidade ou a perspectiva de perdão sirvam como estímulo a extremistas de direita que atentam contra a nossa República”, declarou.
A ação ocorreu no contexto de novas revelações da Polícia Federal sobre planos de grupos extremistas que visavam a execução de um golpe de Estado em dezembro de 2022. Segundo as investigações, a organização criminosa planejava assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, além de ações militares contra as instituições democráticas. A operação resultou na prisão de quatro militares das Forças Especiais do Exército e de um agente da própria Polícia Federal.
A deputada paranaense, que entregou o documento acompanhada do líder do PT na Câmara, deputado Odair Cunha (PT-MG), afirmou que o arquivamento do projeto é uma medida essencial para garantir a estabilidade democrática. “Este é um momento em que precisamos reafirmar os valores democráticos e combater qualquer tentativa de golpe ou de banalização da violência política”, afirmou a parlamentar.
Cenário de tensão e novas denúncias
O pedido de arquivamento ocorre dias após um atentado a bomba na sede do Supremo Tribunal Federal em Brasília, que, segundo as autoridades, teria ligação com os desdobramentos dos atos de 8 de janeiro. Para Hoffmann, tais eventos reforçam a necessidade de barrar qualquer iniciativa que possa ser interpretada como um sinal de complacência com os responsáveis.
A presidente do PT destacou ainda que o projeto de anistia poderia beneficiar diretamente líderes da trama criminosa, classificados pela Polícia Federal como mentores intelectuais e operacionais do ataque. “A anistia não pode ser usada como moeda para minimizar a gravidade dos crimes cometidos. O Brasil precisa de justiça, não de impunidade”, pontuou.
Desdobramentos no Congresso
O requerimento apresentado por Gleisi Hoffmann e Odair Cunha agora será avaliado pela presidência da Câmara. Parlamentares da oposição já se manifestaram contra o arquivamento, mas o PT, junto a outros partidos da base governista, trabalha para consolidar o apoio ao pedido.
Enquanto isso, as investigações continuam a expor os bastidores das articulações antidemocráticas, ampliando a pressão sobre o Congresso para rejeitar qualquer tentativa de anistia aos envolvidos. Hoffmann reforçou que o arquivamento do projeto é uma “questão de princípio” e afirmou que seu partido está comprometido em lutar para garantir que atos como os de 8 de janeiro “não se repitam jamais”.