Deputados da oposição criticaram a fala do presidente Lula em que comparou a ação de Israel na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus pelos nazistas no século passado. Parlamentares governistas defenderam o discurso e criticaram a ação do governo israelense contra o povo palestino.
A líder da Minoria, deputada Bia Kicis (PL-DF), disse que poderá haver retaliação israelense em diferentes âmbitos como repercussão do discurso do presidente. “A crise aberta pelo palpite infeliz de Lula muito provavelmente acarretará prejuízos para o desenvolvimento científico, tecnológico, a segurança e a defesa nacionais”, disse, ao citar a computação dos caças suecos Gripen, adquiridos pelo governo brasileiro.
Para o deputado Coronel Assis (União-MT), a comparação de Lula mostra sua incapacidade de compreender a história mundial. “O maior mandatário do País não passa de um trapalhão diplomático. A diplomacia brasileira está indo pro ralo”, disse.
Segundo o deputado Luiz Lima (PL-RJ), a fala de Lula foi infeliz e põe em risco a relação de Brasil com Israel. Ele afirmou que a população judaica, em todo mundo, não igualou o número de 16 milhões de judeus em 1939. “A gente teve uma queda no número de judeus no mundo que até hoje não foi recuperada.”
Impeachment
Em meio às críticas à fala de Lula, deputados de oposição comemoraram mais de 120 assinaturas pedindo impeachment do presidente por suas declarações sobre o conflito IsraelxHamas.
O deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), vice-líder da oposição, defendeu o impeachment do presidente por sua declaração do fim de semana. “Não era de se espantar que os seus aliados viessem a esta Casa, ao Parlamento brasileiro, que tem história, para defender o indefensável”, disse.
Para o deputado Sargento Gonçalves (PL-RN), a fala de Lula configurou um crime de responsabilidade previsto na Lei 1.079/50. “Quem Lula quer agradar apoiando um grupo terrorista e atacando uma nação amiga?”
Polêmica
O presidente Lula classificou como “genocídio” e “chacina” a ação de Israel na Faixa de Gaza em resposta aos ataques terroristas promovidos pelo Hamas. Ele comparou a ação israelense ao extermínio de milhões de judeus pelos nazistas chefiados por Adolf Hitler durante a segunda guerra mundial. Lula falou em entrevista durante a 37ª Cúpula da União Africana em Adis Abeba, na Etiópia.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”, disse, no domingo. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, disse que a fala é “vergonhosa” e que Lula “cruzou uma linha vermelha”.
Depois das declarações, o governo israelense declarou Lula como persona non grata, ou seja, o presidente brasileiro não é mais bem-vindo em Israel. Em resposta, o governo brasileiro mandou seu embaixador em Israel voltar para o Brasil.
O ataque do grupo Hamas em outubro de 2023 deixou cerca de 1.200 mortos, a maioria de civis. Outras 250 pessoas fora sequestradas e algumas permanecem reféns. A ofensiva militar israelense em Gaza em resposta aos ataques terroristas deixou pelo menos 29 mil mortos, a maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas.