Críticas de Renato Freitas à PM e ao governador geram tumulto e reação da base na Alep

Foto: Valdir Amaral/Alep 

Uma fala do deputado estadual Renato Freitas (PT) durante a sessão plenária desta segunda-feira (19) gerou um intenso bate-boca na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Ao criticar ações da Polícia Militar no Estado, Freitas acusou o governador Ratinho Junior (PSD) de ser conivente com mortes provocadas por agentes da corporação, o que provocou reações imediatas de parlamentares da base governista.

Durante seu discurso, o deputado afirmou que o governador “tem sangue nas mãos” e classificou sua gestão como “assassina e corrupta”. As declarações foram consideradas ofensivas por diversos deputados da situação, que solicitaram a interrupção da fala de Freitas. A presidência da sessão, ocupada pela deputada Flávia Francischini (União Brasil), primeira vice-presidente da Casa, determinou a cassação da palavra do parlamentar por cerca de dois minutos.

Em resposta às declarações, o líder do governo na Alep, deputado Hussein Bakri (PSD), subiu o tom. “Me enoja ver um membro do PT vir falar em corrupção. O Ratinho Junior nunca foi preso. Lave a boca para falar do Ratinho. Falar em mão suja de sangue? Quero que ele prove isso no Conselho de Ética. Essa generalização que eles fazem da polícia é uma injustiça”, disse Bakri.

Outros deputados governistas reforçaram o apoio ao governador e à Polícia Militar. “Nossos policiais são exemplo para o Brasil”, afirmou Tito Barrichello (União). Já Marcelo Rangel (PSD) criticou o tom do discurso de Freitas: “Ele não tem direito ao desrespeito aos paranaenses”.

Líder da oposição, o deputado Arilson Chiorato (PT) saiu em defesa de Freitas, argumentando que o parlamentar tem o direito de se manifestar. “Não posso admitir ofensas ao PT. Precisamos de um tratamento igualitário. É claro que não se pode generalizar, mas há aumento na violência policial, e documentos do Ministério Público comprovam isso”, afirmou Chiorato, citando crescimento superior a 20% nos casos em relação ao ano passado.

A sessão foi marcada por momentos de tensão, com troca de acusações entre Freitas, Bakri e o líder da bancada do PSD, Luiz Claudio Romanelli. Ao fim dos debates, Francischini anunciou o encaminhamento da ata da sessão ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, medida prevista em nova regra da Mesa Executiva para apurar discursos considerados ofensivos no plenário.

Esta é a segunda sessão em pouco mais de uma semana a ser levada ao Conselho de Ética. No dia 12 de maio, a fala do deputado Ricardo Arruda foi alvo de questionamentos por possível violência política de gênero contra a deputada Ana Júlia (PT).

Mais tarde, ainda na sessão desta segunda-feira, o presidente da Alep, deputado Alexandre Curi (PSD), informou que uma proposta de reformulação do Regimento Interno da Casa, com foco nas atribuições do Conselho de Ética, será apresentada aos parlamentares na próxima semana. A iniciativa faz parte de um grupo de trabalho criado em 2024 e pretende estabelecer regras mais claras sobre o decoro parlamentar. Após análise e sugestões dos deputados, o texto será enviado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, posteriormente, votado em plenário.

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