No Paraná, a dinâmica política para as eleições municipais de 2024 está trazendo surpresas. Em dez municípios paranaenses, partidos que tradicionalmente se encontram em lados opostos do espectro político nacional, o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, estão se unindo para apoiar os mesmos candidatos a prefeito.
A situação, que reflete uma tendência pragmática e localista, ocorre em Três Barras do Paraná, Saudade do Iguaçu, Rondon, Catanduvas, Sulina, Quedas do Iguaçu, Bela Vista da Caroba, Tapejara, Mariluz e Ipiranga. Em âmbito nacional, essa aliança entre PT e PL se repete em 85 municípios, evidenciando uma estratégia eleitoral que transcende as barreiras ideológicas.
Coligações por Município
Em Três Barras do Paraná, o candidato Dr. Gerso (PL) recebe apoio de uma ampla coligação que inclui a Federação Brasil da Esperança – Fé Brasil (PT, PCdoB e PV), além do PSD, Podemos, Republicanos e União Brasil.
Em Ipiranga, a candidatura de Douglas Modesto (PL) é sustentada por partidos como Avante, a Federação Brasil da Esperança, MDB, PSD e Podemos.
No município de Mariluz, Nilson Cardoso (MDB) conta com o suporte do PT, PL e União Brasil, consolidando uma aliança forte e diversa.
Já em Tapejara, Rogério (PSD) tem a seu favor uma coligação que inclui o PL, PP, PDT, União Brasil e a Federação Brasil da Esperança.
Em Bela Vista da Caroba, o candidato Gelson (PSD) é apoiado por um arco ainda mais amplo, incluindo PP, PL, PSB, Solidariedade e a Federação Brasil da Esperança.
Em Quedas do Iguaçu, Élcio Jaime (PSD) recebe apoio tanto do PL quanto do PT e seus aliados na Federação Brasil da Esperança.
Mauro Cenci (PV), candidato em Saudade do Iguaçu, conta com o suporte de PL, PSD, União Brasil e a Federação Brasil da Esperança.
No município de Rondon, Roberto Corredato (PSD) é respaldado por uma coligação que inclui PL, PT e União Brasil.
Em Catanduvas, Ademar da Saúde (PSD) também é apoiado por PT e PL, confirmando a tendência observada nos outros municípios.
Por fim, em Sulina, Cláudio (PSB) tem a seu lado uma coligação que une PT, PL e a Federação PSDB/Cidadania, mostrando a complexidade das alianças locais.
As alianças entre PT e PL, apesar de surpreendentes à primeira vista, não são completamente novas na política brasileira, onde as disputas locais frequentemente se sobrepõem às ideologias nacionais. No entanto, essa prática levanta questões sobre a coerência ideológica dos partidos e a reação do eleitorado.
Especialistas apontam que essas coligações são uma estratégia para maximizar as chances de vitória em cenários locais onde a força eleitoral dos partidos individualmente seria insuficiente. Ao mesmo tempo, essa tática pode causar estranhamento entre eleitores que se identificam fortemente com as ideologias nacionais dos partidos.
O desfecho dessas alianças será um ponto crucial para observar a governabilidade pós-eleições. A união de partidos tão distintos pode gerar desafios na administração municipal, especialmente em questões onde as visões de mundo dos aliados divergem significativamente. A capacidade de articulação e negociação dos futuros prefeitos será testada em um ambiente político marcado pela diversidade de interesses.
Enquanto isso, os eleitores terão que decidir se as coligações inusitadas representam um caminho válido para a governança local ou se preferem optar por alternativas que mantenham uma linha ideológica mais consistente.