O AGENTE DO CAOS

Quando o Supremo Tribunal Federal resolveu ir buscar a possibilidade de derrubar Bolsonaro recuperando o destrambelhado Lulle, muito provavelmente deixou de considerar que inobstante fosse seu objetivo comandar o país elegendo um boneco de ventríloquo: claro, o erro de Fachin e de seus pares foi extraordinário.

Recuperado do estágio prisional, Lulle participa de uma eleição que deixou não só dúvidas, mas um país dividido. Por certo, os mentores imaginaram que poderiam exercitar o domínio sobre o combalido e recém-apaixonado pré-octogenário. Certamente, subestimaram-no, porque tendo retornado ao poder, desde logo exercitou prédicas do Rei-Sol e imaginou que Obama poderia, ainda uma vez, nominá-lo “o cara”.

O choque de realidade, sem embargo, é extremamente perverso, e produz efeitos imprevisíveis. Retornando ao poder, Lulle demonstrou-se enfraquecido pelo estágio prisional, ao que se acresceu um amor de terceira idade que transformou a tenacidade do velho fauno em subserviência àquela que denomina “Farol”.

Refém da prédica do Estado Nacional Desenvolvimentista, desde logo trata de inchar a estrutura oficial com inúmeros ministérios, ocupados por desconhecidos e ineptos, oriundos de esferas de organizações não governamentais com objetivos claros de valer-se do dinheiro oficial para pautas de minorias e pautas essas, não raras vezes, de nenhuma legitimidade.

Óbvio que, dentro desse caldo de cultura, o resultado para o Supremo Tribunal Federal foi o inusitado e o imprevisível. Isso obrigou Gilmar, o Mendes, e seus ministros cooptados, a conviver com uma exposição cada vez maior e, por consequência, perigosa – porquanto, expondo o poder guardião da Constituição, há um poder desconstrutor do Livro Maior, na medida em que cada vez mais ingerente nas decisões afetas ao Poder Executivo.

Ora, se o leitor se aprofunda no que supra escrevi, se depara com a evidência do caos, como eu queria demonstrar.

O CAOS

A análise da situação atual do país expõe uma democracia absolutamente em perigo por vários motivos, representados pelo citado caos.

Entendo que há que destacar um deles, que não é o mais importante, mas tem relevância, que é a vulgarização da palavra que significa o governo do povo pelo e para o povo; e não tem abrangência interpretativa – todavia, esta é o vocábulo usado pelo consórcio como bandeira e emblema de todas as agressões feitas por eles, exatamente as liberdades albergadas em Constituição e garantidas pelo processo democrático em essência.

O que se extrai dessa afirmação é que a palavra democracia transformou-se em salvo-conduto para tudo que de errado o consórcio Lulle-STF produz diuturnamente. Qualquer pessoa que não concorde com o desgoverno inepto e incapaz, e discorde também da ingerência do Judiciário maior em ações do Legislativo, desde logo, é qualificada de antidemocrática e passa a ser alvo e até mesmo a ser perseguida pelos meios oficiais.

O perigo, entretanto, não é o maior por este tipo de investida ditatorial. O perigo maior está na clarificada incapacidade que o consórcio tem de enfrentar os gigantescos desafios desta economia que alberga mais de duzentos milhões de almas.

A mim parece claro que o caos está representado na dissociação entre Brasília (entenda-se, neste caso, os três Poderes) e o Brasil de verdade, que está nas unidades federativas, e neste povo que tanto trabalha e que não cansa de superar os recordes de arrecadação tributária.

Pois bem. Se falo em recorde de arrecadação tributária, como posso explicar um déficit primário tão preponderante como o declarado e oficializado pelo Banco Central? Exatamente pela incapacidade de gerir, demonstrada pelo consórcio Lulle-STF. Ora, trinta e nove ministérios e pelo menos cinco ministros do STF ingerindo, dando ordens, determinações e, portanto, mandando.

Estivesse a dedilhar uma crônica popularesca, teria facilidade em afirmar que tão somente estaria a descrever a “casa de Irene”, onde se chora e se ri, como diz tão bem a cançoneta popular italiana.

Nada obstante, não estou com humores para me ater ao popularesco, e a conclusão é que muito pior de que uma casa de riso ou de choro, estamos frente a uma queda de dificílima reversibilidade de uma nação pujante, habitada por povo trabalhador e comprometido com o resultado desse trabalho.

Não me escapa que o número de beneficiários do Bolsa-Família é proporcional ao objetivo espúrio da manutenção desta escumalha no comando da pátria. Lembrando que os últimos números inferidos do Bolsa-Família fazem referência a 70 milhões de beneficiários.

Se isto não significa decisivamente o caos, não sei mais o que pode de fato significar. Ocorre que a cidadania tem um instrumento de representação, que custa (e custa muito caro), a saber, Câmara Federal e Senado da República. Eu sei (e bem) que os futuros Presidentes das duas Casas são envolvidos – e bem diretamente, aliás – com o consórcio caótico. Todavia, cada um de nós sabe em quem votou em 22, e tem o dever de, desde logo, cobrar e fortemente deste representante, ações claras para que, mercê da efetiva atuação democrática, o país seja salvo do referido caos.

KASSAB REALMENTE VAI ROMPER?

Parece que finalmente a lua de mel Lulle/Kassab enfrenta problemas que vão muito além do sentimentalismo e de qualquer sentimento meramente político.

O fato irretorquível é que o PSD, considerados os resultados eleitorais de 2024, é hoje o grande partido político do país. Também é fato que o ex-prefeito de São Paulo é exímio agente político; e não menos fato é o espaço que ele ocupa no governo de São Paulo.

Quero que o leitor considere que o presidente do PSD ocupa uma posição de extrema confiança e proximidade no governo de Tarcísio; e que a essa informação você adicione o fato de que Kassab reiterou a viabilidade de uma possível candidatura de Ratinho Jr à Presidência da República.

Ora, imaginar que um homem da habilidade demonstrada pelo Presidente do PSD exponha a possibilidade da candidatura de um governador que não seja o seu, e mais, que o faça a nível nacional com bandeiras despregadas, é a suprema inocência.

Na medida em que o PSD reitera a viabilidade de Ratinho Jr., e que o governador do Paraná, face a sua excepcional equipe de comunicação exponha a nível nacional os seus feitos recentes e, mais do que isso, o seu nome a uma possível indicação, há que entender que a manifestação do PSD só existiu porque combinada com Tarcísio de Freitas.

Adicionando-se a esta consideração o fato de que Kassab, contrariando seu modo extremamente educado de fazer política literalmente explodiu o Ministro Haddad, e por consequência, o cerne do governo Lulle, está exposta a estratégia.

Se nesta etapa alguém me pergunta se há viabilidade na candidatura de Ratinho Jr. à Presidência em 2026, respondo que não há a menor dúvida quanto a este fato.

Devo enfatizar que o governador do Paraná é credor do sucesso da sua estratégia; seja pelo fato de que há equilíbrio nas contas do Estado, seja pelo fato esse equilíbrio permite que obras estruturais estejam funcionando dentro do cronograma.

Entendo que ainda é cedo para cravar que A ou B possam ser candidatos em 2026 – mas entendo muito mais que a possibilidade de construção de uma candidatura exige postura e posição clara neste início de 2025. Por assim entender, parabenizo aqueles que estão envolvidos no projeto “Ousar e Sonhar: Ratinho Presidente 2026”!

NOVAS ADMINISTRAÇÕES

Assumem nessa segunda-feira o novo Presidente da Assembleia Legislativa e a nova Presidente do Tribunal de Justiça. Devo dizer que tenho bastante esperança que sejam administrações positivas e benfazejas, como foram as administrações do agora ex-Presidente do Tribunal de Justiça e do ex-Presidente da Assembleia Legislativa.

Faço aqui justiça ao Deputado Ademar Traiano, que inequivocamente participou de um processo relevante de modernização da Assembleia Legislativa do Paraná. É inequívoco o progresso da instituição neste período em que Traiano desenvolveu relações de alto bordo, tanto com Carlos Alberto Richa, como com Carlos Roberto Massa. Sempre habilidoso no tratar com os governos, fez crescer a instituição, e isto faz parte da história.

De igual modo, a administração do Desembargador Luiz Fernando Keppen foi admirável e aproximou muito o Tribunal de Justiça do Paraná de novos ventos e de participação em políticas inclusivas, que destacaram minorias e a mulher paranaense.

A ambos, os meus elogios pessoais.

A OAB E A NOVA ADMINISTRAÇÃO

Luiz Fernando Pereira sucede a brilhante Marilena Winter, primeira mulher a ser presidente da ONG mais importante entre todas. Teve competência e capacidade de fazer crescer, de forma includente, a instituição que presidiu.

Ao despedir-se traçou, em brilhante discurso, um paralelo com o vento da mudança e os efeitos desse mesmo vento, no teatro que recepcionava a cerimônia de posse.

Ora, a Ópera de Arame, com os seus ferros retorcidos e o reflexo do sol brilhante na sua estrutura de vidro, albergou ao longo deste tempo recente os acordes da música que reflete as mudanças sociais. A senhora Marilena, com altivez e firmeza, encarnou as mudanças. AUGURI, MARILENA!

De seu sucessor, o combativo Luiz Fernando, espero que honre o compromisso reassumido na posse, com suas promessas de campanha. Todavia, destaco o momento em que, ao encerrar seu brilhante discurso de posse, homenageou o Velho Mário. O efeito de suas palavras me levou às lágrimas, como se naquele momento, eu pudesse estar homenageando o velho Buchi, meu pai.

ORAÇÃO DE OGIER BUCHI: Senhor, às vezes me pergunto, o que está pior; o governo do Lulle ou a direção do Coritiba Football Clube. Há quem me lembre do combalido Paraná, e que não se esqueça dos gestos do presidente athleticano. Concluo imaginando quantos mil pai-nossos seriam necessários para consertar qualquer um dos desastres referidos. Amém.

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