Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda e uma das figuras mais proeminentes da política e economia brasileira, faleceu nesta segunda-feira, aos 96 anos. Ele estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações de saúde.
Delfim Netto teve uma carreira longa e multifacetada, marcando presença em diferentes fases da história política do Brasil. Atuou como ministro da Fazenda entre 1967 e 1974, durante os governos militares de Arthur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici. Mais tarde, foi embaixador na França na gestão do general Ernesto Geisel e desempenhou papéis importantes no governo de João Baptista Figueiredo, tanto na Agricultura quanto na Secretaria do Planejamento da Presidência.
Após o período da ditadura militar, Delfim Netto foi eleito deputado federal e serviu em cinco mandatos consecutivos, participando ativamente da Assembleia Nacional Constituinte entre 1987 e 1988. Sua influência não diminuiu com o fim da ditadura; ao contrário, Delfim se tornou conselheiro econômico de presidentes democráticos, incluindo Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Aos críticos do governo Dilma Rousseff, Delfim Netto se destacou ao condenar a tentativa de controle dos preços da energia elétrica, argumentando que a medida iria prejudicar a confiança dos investidores e, consequentemente, exacerbar a inflação. Sua visão crítica sobre a administração de Dilma, além de sua defesa das políticas econômicas do governo Lula, mostraram sua habilidade em navegar entre diferentes correntes políticas.
Contudo, sua carreira também foi marcada por controvérsias, incluindo acusações de corrupção envolvendo propina recebida do Consórcio Norte Energia. Delfim foi alvo de investigações na operação Lava Jato em 2018, embora a defesa tenha alegado que os valores recebidos eram honorários por consultoria.
Em 2020, Delfim expressou preocupações sobre a capacidade da economia brasileira de crescer robustamente sem investimentos públicos adequados, criticando o governo por sua dependência de parcerias com o setor privado em um cenário de desconfiança.
A morte de Delfim Netto foi lamentada por figuras políticas e instituições brasileiras. O presidente Lula, que se tornou aliado e conselheiro do economista após anos de críticas, destacou o impacto positivo de Delfim nas políticas de desenvolvimento e inclusão social durante seus mandatos. O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, e o ministro do STF, Dias Toffoli, também prestaram tributo ao legado intelectual e à contribuição de Delfim para o Brasil.
O Tribunal de Contas da União e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, reconheceram a importância de Delfim Netto tanto na política quanto na economia, ressaltando sua influência duradoura e seu papel crucial na formação econômica do país.