Uma semana após o término do primeiro turno das eleições municipais em Curitiba, uma disputa acalorada entre o senador Sergio Moro (União-PR) e o deputado estadual Ney Leprevost (União-PR) tomou conta dos bastidores políticos. Leprevost, que ficou em quarto lugar na corrida pela prefeitura, acusou Moro de ter prejudicado sua campanha, uma crítica que foi prontamente respondida pelo senador, dando início a uma troca de acusações pública.
Em entrevista ao jornal O Globo, Sergio Moro reagiu às declarações de Leprevost, que o responsabilizou pela derrota nas urnas. Leprevost, que concorria com a deputada federal Rosângela Moro, esposa do ex-juiz, como sua vice, afirmou que a presença de Moro prejudicou suas chances e que o senador é visto em Curitiba como o “carrasco de Lula” e o “traidor de Bolsonaro”. Leprevost também declarou que, caso Moro decida concorrer ao governo do Paraná, ele deixará o partido União Brasil.
Moro não poupou críticas a Leprevost, afirmando que o deputado falhou em se conectar com o eleitorado da capital paranaense e o classificou como um “político velho” apesar de sua idade. Segundo Moro, Leprevost buscou desculpas para sua derrota e optou por uma estratégia política indefinida. O senador ainda minimizou sua participação na campanha do deputado e declarou que não apoiará nenhum dos candidatos no segundo turno em Curitiba, que será disputado por Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB).
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Ao ser questionado sobre a participação de Rosângela Moro na chapa de Leprevost, Sergio Moro afirmou que foi o próprio deputado que insistiu em ter sua esposa como vice. Para o senador, o fracasso de Leprevost na eleição se deveu às “apostas erradas” e à incapacidade de se conectar com os eleitores da cidade. Moro também descartou qualquer impacto das alianças regionais nas suas aspirações políticas, incluindo uma possível candidatura ao governo do Paraná, decisão que ele deixou em aberto para o futuro.
Leprevost Rebate com Nota Contundente
Após as declarações de Moro, Ney Leprevost divulgou uma nota pública em resposta, na qual ele fez duras críticas ao senador, acusando-o de ser um “traidor contumaz”. Na nota, Leprevost listou uma série de episódios em que, segundo ele, Moro teria traído aliados, partidos e até mesmo o povo paranaense.
Nota do deputado Ney Leprevost em resposta aos ataques do Senador Sérgio Moro:
Em resposta aos ataques rasteiros e injustificados proferidos contra mim, e sem o menor cabimento também a familiar meu, pelo senhor Sérgio Moro, tenho a declarar, após buscar informações com diversas fontes jornalísticas e rememorar fatos, conclui que:
Este senhor é um traidor contumaz.
Traiu a magistratura utilizando-se dela para se promover pessoalmente com objetivo de conquistar cargo político.
Traiu as Leis que jurou cumprir ao realizar tortura psicológica em réus e escutas telefônicas de legalidade questionável.
Traiu as milhares de pessoas que saíram às ruas para apoiar a operação Lava Jato, abandonando sua função de juiz para ser ministro.
Traiu o presidente Jair Bolsonaro ao ser expurgado do ministério atacando aquele que confiou nele nomeando-o para uma das pastas mais importantes da nação.
Traiu o partido Podemos que o sustentou financeiramente.
Traiu o povo do Paraná ao tentar ser candidato a senador pelo estado de São Paulo, onde foi rejeitado pelo Tribunal Eleitoral.
Traiu seu padrinho político, o senador Álvaro Dias, lançando-se candidato de última hora contra ele.
Traiu seus eleitores de direita votando no ministro Flávio Dino para o STF.
Traiu sua querida esposa colocando-a, através da direção nacional do partido, como candidata a vice na minha chapa e abandonando a campanha dez dias antes da eleição por não ter sido satisfeita a sua vaidade de aparecer diversas vezes no programa eleitoral de televisão.
Traiu o partido União Brasil, utilizando na última semana de campanha 230 mil reais do fundo eleitoral nas redes sociais da sua esposa para mera promoção pessoal da mesma sem sequer pedir votos para o 44.
Me traiu ao plantar ao longo da campanha diversas notas na imprensa nacional com objetivo de desestabilizar minha candidatura.
Traiu a pátria ao fazer um “acordão” através dos senadores Rodrigo Pacheco e Davi Alcolumbre.
Senador Sérgio Moro, não me meça pela sua régua. Minha vida pública é pautada por coerência e respeito a todas as pessoas. Se o senhor fosse amado pelo povo de Curitiba como afirma, não precisaria andar rodeado de seguranças pagos pelo povo brasileiro até para ir à feira. De herói nacional que até eu admirei, o senhor apequenou-se e se transformou em um mero “lacrador” de redes sociais. Me esqueça e vá se defender na justiça. Pois quem é réu em processo criminal é o senhor, não eu.
Peço desculpas ao povo de Curitiba por ter aceitado a imposição nacional do partido de ter a sua esposa como vice, não por ela que ainda hoje tenho como boa pessoa, mas pelo senhor que é um oportunista visto pela esquerda como carrasco do Lula e pela direita como traidor do Bolsonaro.
A toda boa gente do Paraná, meu muito obrigado pelas milhares de manifestações de solidariedade no dia de hoje. Tenham a certeza absoluta que minha vida pública vai continuar pautada na defesa da liberdade e nos princípios éticos e humanistas que meu detrator chama de “velhos”.
Que Deus nos proteja do mal!
Ney Leprevost
Desdobramentos Políticos
A briga pública entre Moro e Leprevost coloca o União Brasil em uma situação delicada no Paraná, com dois de seus principais nomes em rota de colisão. Ao que tudo indica, a disputa política interna deverá continuar, com potenciais reflexos nas eleições estaduais e até mesmo nas alianças políticas futuras. O futuro de ambos os políticos no cenário paranaense ainda está em aberto, mas as farpas trocadas certamente terão impacto em suas reputações.
O segundo turno das eleições para a prefeitura de Curitiba será disputado por Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB), sem o apoio explícito de Moro ou Leprevost, que ainda digerem os resultados da derrota no primeiro turno.