A sessão desta segunda-feira (7) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) foi marcada por um embate entre os deputados Ana Júlia (PT) e Ricardo Arruda (PL), após o parlamentar fazer comentários sobre a vestimenta da deputada petista em entrevista à imprensa.
A discussão teve início após Ana Júlia protocolar um requerimento que pode resultar no afastamento de Ricardo Arruda da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa. A justificativa é o não comparecimento do deputado a quatro reuniões consecutivas da comissão, o que, segundo o regimento interno, configura vacância automática do cargo.
Questionado sobre o requerimento, Arruda criticou a fala da deputada e comentou sua aparência. “Essa deputada continua achando que está no Centro Acadêmico da Universidade dela, até pela roupa e pela fala”, disse ele a jornalistas.
A resposta veio minutos depois, com Ana Júlia ocupando a tribuna para denunciar o que classificou como violência política de gênero.
“Vim aqui hoje justamente para falar sobre as violências que as mulheres sofrem na política. Tentam me desmoralizar, me humilhar por ser jovem, por ser mulher, pelo jeito que eu me visto ou falo”, afirmou.
O clima no plenário esquentou ainda mais quando Ricardo Arruda, em aparte ao líder do governo Hussein Bakri (PSD), reforçou suas críticas:
“Os deputados são obrigados a vir de paletó e gravata, as mulheres não têm isso no regimento. Mas todas se vestem de forma condizente com o plenário. Ninguém vem de regata ou shortinho”, declarou.
A fala repercutiu entre parlamentares. A deputada Mabel Canto (PSDB) reagiu:
“O deputado Arruda não tem propriedade para falar da vestimenta de uma deputada. Ana Júlia está visivelmente apropriada para estar aqui, e mesmo que não estivesse, ela pode vestir o que desejar.”
O deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSD) ironizou os comentários de Arruda:
“Eu não sabia que o deputado também era crítico de moda.”
O presidente da Assembleia, deputado Alexandre Curi (PSD), informou que o requerimento de Ana Júlia foi oficialmente protocolado nesta segunda-feira e que será dado direito ao contraditório para que Ricardo Arruda apresente justificativas pelas ausências.