FOTO: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou nesta quarta-feira (11/12) a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual, alcançando 12,25% ao ano. A medida surpreendeu o mercado financeiro, que projetava um aumento de 0,75 ponto percentual. O aumento reflete as incertezas econômicas globais e os impactos do pacote fiscal do governo.
Em comunicado oficial, o Copom destacou que a elevação acima do previsto foi motivada pelos efeitos adversos do pacote fiscal e pelo comportamento do mercado diante das incertezas externas. A alta do dólar e as expectativas inflacionárias crescentes contribuíram para a medida, além da necessidade de conter uma dinâmica inflacionária considerada preocupante.
“O comitê tem acompanhado com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa”, afirmou o Banco Central.
O Copom indicou ainda que, caso o cenário atual persista, novos aumentos de 1 ponto percentual podem ser realizados nas reuniões de janeiro e março de 2024, que serão presididas por Gabriel Galípolo, o futuro presidente do Banco Central.
Impactos na Economia
A decisão de elevar os juros acentua o ciclo de contração monetária, iniciado em setembro, após meses de reduções na Selic. O aumento do custo do crédito é uma tentativa de conter a inflação, mas pode impactar o consumo e os investimentos. Em novembro, o índice oficial de inflação, o IPCA, desacelerou para 0,39%, acumulando alta de 4,87% em 12 meses, acima do teto da meta de 4,5% definida para 2024. A previsão do Banco Central para o IPCA em 2024 também foi revisada para 4,9%, indicando que a inflação deve continuar acima do limite permitido.
Pacote Fiscal em Debate
A política fiscal também foi alvo de críticas no comunicado do Copom. O pacote apresentado pelo governo, com estimativa de economizar R$ 71,9 bilhões até 2026 e R$ 327 bilhões até 2030, ainda enfrenta resistências no Congresso Nacional. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu as medidas e destacou que o ajuste é viável politicamente. Ele também afirmou que eventuais alterações pontuais no projeto podem ser realizadas para garantir sua aprovação.
“Mandamos um ajuste que consideramos adequado e viável politicamente. Você pode mandar o dobro, mas o que importa é o que será aprovado”, disse Haddad.
A alta da Selic evidencia os desafios do governo e do Banco Central em alinhar a política monetária e fiscal para conter a inflação sem comprometer o crescimento econômico. Enquanto analistas projetam uma expansão de 3,39% do PIB em 2024, os custos elevados do crédito podem frear esse ritmo.
O mercado segue atento às próximas decisões e ao impacto efetivo das medidas fiscais, esperando que o próximo Relatório de Inflação, previsto para dezembro, traga novos sinais sobre a direção da economia em 2024.